sábado, 4 de abril de 2015

Meio ambiente e população de Santos sofrem com incêndio


Explosão em tanques de combustíveis da Ultracargo gera impressionante fumaça preta



PUBLICADO EM 03/04/15 - 03h00

A espessa fumaça tóxica que saía ontem do incêndio nos tanques de combustível da Ultracargo, próximo ao Porto de Santos, em São Paulo, indicava que a chance de ocorrerem vazamentos no meio ambiente era real. Além disso, o ar estava turvo e havia cheiro de fumaça.


Na análise do ambientalista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) David Zee, as substâncias emitidas pela queima de etanol e gasolina são nocivas à população, e, por isso, quem mora perto do incêndio – um raio de cinco quilômetros – talvez precisasse deixar o local.
Segundo ele, os gases emanam uma grande quantidade de substâncias voláteis e nocivas ao homem como os hidrocarbonetos, presentes nos combustíveis. “O próprio calor irradia os gases”, explica. Como o fogo permanecia fora de controle na noite de ontem, o ambientalista defendeu que talvez fosse necessário evacuar o entorno do incêndio.
O especialista em gestão de riscos da Coppe/UFRJ Moacyr Duarte minimizou a possibilidade, mas admitiu que ela existe. “Não há grande preocupação de intoxicação no entorno, porque a fumaça sobe em função do calor gerado, deixando de afetar diretamente quem está nas proximidades. Ao mesmo tempo, é provável que ocorra deposição de material particulado em um raio entre três ou cinco quilômetros. Várias casas deverão ficar sujas com aquelas películas pretas”, afirma o especialista.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, Duarte explicou que a fumaça deverá incomodar apenas “populações sensíveis”, como grávidas, crianças pequenas, idosos e pessoas que sofrem de asma e bronquite ou são alérgicas.
Em um bairro próximo ao local do incêndio, moradores chegaram a deixar suas casas, por conta própria, com medo de novas explosões ou intoxicação.
Os dois especialistas alertam para os riscos de vazamentos no meio ambiente. “Os equipamentos de armazenagem ficam próximos à natureza. O vazamento pode ocorrer e causar dano à vegetação e a outros organismos marinhos na região da Serra do Mar. Se o óleo for para água, ele fica na superfície e impede as trocas gasosas com o ambiente externo”, afirma Zee.
“Em função da alta temperatura, a fumaça contém uma quantidade de gasolina que não queimou. Ela vai bater na Serra do Mar, coberta por mata protegida, e certamente gerará algum nível de contaminação, principalmente em pontos de água depositada. A contaminação ambiental, pelo ar, já é inevitável”, afirma Moacyr Duarte.
Ele lembra que o papel dos bombeiros nos próximos dias será evitar que a contaminação também ocorra por meio do sistema de drenagem dos tanques, que desemboca no mar.
Como a estrutura da planta industrial está ameaçada, há risco de material tóxico vazar para a água, localizada bem próxima ao local do acidente. (Com agências)

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